A espera acabou, o casamento também e a saga de 25 anos da cabeleireira Cleusa Cruz para oficializar seu divórcio teve um final feliz. Na manhã desta segunda-feira, ela e o agora ex-marido Denilson Florenço, de 53 anos, estiveram no 2º Ofício de Notas, na Taquara, Zona Oeste do Rio. O homem, que, segundo a cabeleireira, já tinha faltado a outras três tentativas, chegou com uma hora de atraso e deixou Cleusa apreensiva. Desta vez, porém, ele cumpriu o acordo e assinou o documento.
— Ele chegou bem atrasado, nossa mãe do céu! Marquei com ele às 8h, deu 8h30, 8h40, ele não chegou e eu me desesperei. Comecei a chorar. Liguei para a irmã dele e ela disse “calma, Cleusa, ele falou que vai chegar às 9h” e, realmente, ele chegou. Nem olhou para a minha cara, mas não precisava nem olhar para a minha cara mesmo não, só assinar — contou Cleusa, aos risos.
Cleusa tem 51 anos, passou cinco ao lado de Denilson, de 1988 a 1993, e o relacionamento gerou o primeiro de seus quatro filhos. Vestida de preto da cabeça aos pés — para celebrar o “momento fúnebre”, justificou ao EXTRA —, Cleusa saiu do cartório sorrindo e empunhando orgulhosa os papéis do divórcio assinados. Há duas semanas, porém, o desfecho foi bem diferente.
No dia 7 de maio, a moradora de Rio das Pedras esperou, em vão, a chegada de Denilson, que faltou à terceira tentativa de desfazer o casamento. Em prantos, resolveu desabafar nas redes, anexando uma foto de Denilson de sunga e dizendo a ele que, se não assinasse o divórcio até o dia 19 de maio, ela chegaria em sua casa “de mala e cuia” para morar com ele e sua atual esposa.
— Eu não esperava de jeito nenhum o que ia acontecer, nem eu nem meu telefone, que está dando pane. Mas, se não fosse isso, não, eu não teria conseguido o divórcio. Eu tenho certeza. Ele não dizia nada, ele simplesmente se negava. No dia 7, ele não foi, eu saí do cartório chorando, entrei no Uber e postei no meio do caminho. Não sei o que deu, o Face foi lá e tirou. Aí, postei de novo e marquei umas 50 pessoas — lembrou.
O segundo post, que chegou a impressionantes 413 mil interações, 443 mil interações e 128 mil compartilhamentos, também chegou a ser derrubado e ficou fora do ar durante quase toda a sexta-feira. Muitos pensaram que ali terminaria toda aquela história.
— Aí, acho que o Face entendeu que o negócio era sério e o post voltou — disse Cleusa, aos risos. — Eu postei aquela foto e em momento nenhum ninguém da família dele questionou, você viu? Então. Por quê? Porque tanto eu como a família dele estamos nessa luta há 25 anos. Dessa vez, a mãe dele falou pra ele: “você procurou isso. Então, agora aguenta” — explicou.
Na página criada pela irmã e por um dos quatro filhos da cabeleireira, que chegou a conquistar quase 500 mil curtidas, internautas reclamaram que ela não se mudou para a casa de Denilson como havia prometido. A irmã dela, Clésia, chegou até a publicar um texto explicando que, se Denilson não tivesse dado nenhum retorno durante a semana, Cleusa teria feito a mudança no último domingo. Como chegaram a um acordo, ela iria, então, mais uma vez ao cartório “e, se não for resolvido, de lá ela vai sim para a casa dele”, prometeu.
— Levei, levei as malas todas, está tudo aqui na minha frente! Eu pensei que ele fosse chegar com alguém acompanhando, com um advogado, mas não, ele foi sozinho, assinou. Muita gente questionando, pensando que eu queria fama, que eu queria isso e aquilo… não. Só eu e a família dele sabemos tudo que a gente já passou. A pressão ajudou bastante e eu tô muito feliz de receber tantas mensagens de mulheres se identificando com o meu caso. Eu tive filhos me ligando dizendo que os pais estão passando por essa situação — explicou Cleusa.
‘Eu bani política da minha vida porque ali é complicado fazer o bem sem se sujar’, diz ex-candidata
Agora, a cabeleireira comemora que vai conseguir tirar o passaporte e o visto de que tanto precisava, pois dependia da assinatura do divórcio para emitir os documentos já com o nome de solteira para evitar futuros problemas com a burocracia. Ela dirige uma biblioteca comunitária com aulas de reforço para crianças em Rio das Pedras e tem uma viagem marcada para os Estados Unidos em agosto.
O projeto existe há dois anos e ela conta que já dirigiu muitos outros — de doações no Natal a patrulhas de limpeza — que estão pausados por falta de financiamento. Muito envolvida com a comunidade, ela chegou a concorrer, sob a alcunha de Cleusa Preta Loira, a deputada estadual pelo PR em 2018 e a vereadora pelo PSDB em 2016. Tudo isso, garante ela, ficou no passado.
— Muita gente está achando que eu fiz isso porque sou candidata. Pode botar aí: eu não sou candidata e eu não apoio ninguém — disse, pausadamente, enfatizando cada palavra. — Eu bani política da minha vida. Fica complicado você querer fazer o bem para as pessoas sem se sujar. Eu percebi que a gente tem que se juntar a pessoas inconvenientes, que tem outras procedências, para conseguir realizar um projeto. Eu, a vida inteira, consegui bancar meus projetos sem ser política. E também não quero mais ser usada por eles, por nenhum deles. Eu elegi cinco candidatos dentro da minha comunidade, usando meu nome e os meus projetos. Agora, não quero mais nada. Nem que eles cheguem perto de mim, nem que falem que me conhecem. Já bloqueei todos eles do meu telefone — declarou.
Além da chance de seguir a vida livre como desejava e milhares de seguidores, seu sucesso se expandiu para o mundo da música. Ela conseguiu conhecer o ídolo, o cantor Leonardo, e ganhou duas músicas da cantora Bia Ferraz: “Assina a P**** do Divórcio” e, após assinar os papéis, “A Nova Solteirinha”. Ela conta que a rotina mudou muito.
— Meu deus, eu não tenho mais sossego! Mas foi bom porque ganhei muitas amizades. Já me perguntaram se eu estou no Tinder (risos), mas não vou entrar não. Não fiz nada disso para ganhar fama. Se isso for bom para dar visibilidade para o projeto das crianças, eu vou adorar, mas sem política — resumiu.
Do: Extra
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